«Primitivismo» refere-se à fetichização em torno de culturas que foram consideradas «primitivas». O «mágico», «pulsional» e «pré-lógico», encontrado nos povos colonizados pelo Ocidente, mas também nos populares e crianças, serviu para situar o «Outro», no quadro das vanguardas artísticas, dos fascismos e da afirmação do Estado/Nação europeus, especialmente no séc. XX. A apropriação simbólica e a exploração material das culturas ditas «primitivas», abriu o caminho para uma interpretação do mundo em termos de «primitivo/civilizado», produzindo na maioria das vezes visões estereotipadas e racistas. «Primitivismo» carrega, assim, uma dimensão problemática e mobilizadora de um debate alargado que, tanto a exposição como esta publicação, procuram abarcar.

Questionar a experiência do «primitivismo» no quadro de uma modernidade que se fez de forma eurocêntrica, a partir do contexto colonial português foram as perguntas que mobilizaram a pesquisa para a exposição agora tornada catálogo, a partir de um manancial extenso de arquivos privados e institucionais maioritariamente em Portugal.